quinta-feira, 28 de maio de 2015

Projeto das máscaras e alguns de seus possíveis desdobramentos psico-educacionais

Aprendi a fazer máscaras de papel machê quando estava na escola, no ensino médio, e desde então nunca mais esqueci de como fazê-las. Este projeto pode ser realizado com crianças de qualquer idade, inclusive as bem pequeninas, mas que já demonstram interesse em manipular cola e tinta. É importante que o adulto mediador desta atividade coloque-se como um coadjuvante deste processo de criação da criança, deixando que os materiais e as possibilidades sejam explorados livremente sem a preocupação com o produto final em si, mas com o processo, para que tudo o que pode ser aprendido e desenvolvido com a experiência flua livremente.

Uma das experiências mais legais que este projeto proporciona é a do processo de criação em si e da paciência e tolerância de saber esperar que ele proporciona. Este projeto não fica pronto no dia, é simplesmente impossível. São necessários ao menos dois dias (no mínimo absoluto) para que ele ocorra. Em tempos de resultados rápidos e experiências mediadas e pré-elaboradas, proporcionar para nossas crianças a possibilidade de criar algo que aos poucos se transforma de papel picado em um item altamente lúdico é uma oportunidade de ouro e que deve ser valorizada.

Parte do processo de amadurecimento afetivo de uma criança diz respeito a tolerar que as coisas não são sempre como ela espera/deseja. Por conta disso, crianças tem dificuldades de esperar, por exemplo, a comida ser servida quando saem para comer fora ou a espera pelo atendimento no consultória médico. Precisamos ensinar nossas criança a saber esperar, a tolerar a passagem do tempo para concluir algo, e a apreciar este processo.

O primeiro dia do projeto inclui picar papel. De quebra ensinamos alguns valores vinculados à sustentabilidade, pois o material usado é um material reciclado. Em tempos de excessos e desperdícios, o reaproveitamento de materiais é um valor mais que necessário.

Além do papel picado será necessário cola, bexigas e pincel grosso. Após picar o papel, encher as bexigas de ar e passar cola diluída em água nelas. Fazer camadas de cola e papel, cola e papel.


A brincadeira de picar o papel, usar o pincel com a cola diluída é uma atividade sensorial e motora muito importante por desenvolver, entre outras habilidades, a destreza e a coordenação bi-manual que são fundamentais para o aprendizado da escrita e autonomia motora como um todo. Atividades sensoriais também são importantes formas de brincar terapêutico para crianças com transtornos ou dificuldades ligados ao desenvolvimento global.

Encerra-se o primeiro dia quando as máscaras devem ficar secando pelo menos por 24hs (mais se o tempo estiver muito frio/úmido).

Quando as máscaras secam, elas podem ser desgrudadas das bexigas (que podem ser mais tarde usadas para fazer uma festinha das máscaras!).

As máscaras saem assim:

A seguir, pode-se iniciar o processo de corte das máscaras pois elas saem em sua forma mais rústica. É preciso cortar o formato desejado para colocar sobre o rosto e cortar os olhos também.



 É muito importante que a criança possa experimentar cortar a máscara antes do adulto oferecer ajuda. Isso, claro, sem que a criança se machuque. Será um desafio que pode contribuir para a criança desenvolver a confiança e habilidade em manusear tesouras. 

Em seguida, é hora da pintura e decoração das máscaras. Aconselha-se passar uma camada de tinta branca (guache) e deixar secar antes de aplicar outras cores. Isto acrescenta mais um dia no projeto!

Mais uma vez estamos falando em experiências sensoriais e motoras fundamentais não só para o desenvolvimento de habilidades pré escrita, mas que são também brincadeiras terapêuticas.

O essencial aqui é experimentar com materiais e cores. Deixar se sujar. A criatividade (do) e o sujeito agradecem!























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