
Quando um aluno com dificuldades de aprendizagem chega para acompanhamento na escola ou na clínica, geralmente este é um aluno que já tem, atrás dele, um tanto de "pendências", de atrasos, de coisas para "correr atrás". A expectativa dos professores e dos pais, muitas vezes, é de que nós - profissionais que vamos trabalhar com este aluno que enfrenta dificuldades - coloquemos a criança ou jovem nos trilhos; que a gente "dê um jeito".
E isto é possível, mas é necessário refletir o que este "nos trilhos" quer dizer. É provavél que, dado a cronicidade da história de fracasso escolar, o sucesso não venha através da nota desejável na próxima prova de ciências, mas no simples fato que este aluno se abra para estudar a matéria, para pensar formas de revisar o material, mas que não tenha um efeito óbvio e de curto prazo como a "nota boa". Pode ser que o aluno que tem um sem número de tarefas acumuladas porque não consegue se organizar, tenha como resultados inicial da intervenção a capacidade de fazer alguns planos sobre sua rotina e isso já seja uma vitória, mas infelizmente ainda tenha alguns trabalhos e lições atrasados.

A forma como lidamos com isso como educadores faz toda a diferença no sucesso do apoio a um aluno desses se estamos pensando em sucesso como algo mais amplo, como o desenvolvimento de habilidades de pensar e aprender que podem ser replicadas em outros momentos na vida e não apenas como o resultado na prova da geografia.
Agora, para que isso seja possível, a escola precisa resignificar como enxerga aprendizado, como enxerga currículo, como lida com o tempo do aluno e como lidamos com nossa ansiedade de professor de estar no controle de tudo. Isto serve para todos os alunos, mas em especial para aqueles que não se encaixam no óbvio, que não vem pra gente mais facilmente adaptáveis ao jeito que queremos ensinar, mas nos trazem desafios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário